Vem-me sempre a
mente as mortes provocadas na cadeia de Montepuez pelo partido FRELIMO (Frente
de Libertação de Moçambique), partido no poder em Moçambique: não poucas
dezenas de “Xincondos”, enterrados em vala comum; mortes planejadas para exibir
poder e dar de manifesto que aqui ninguém manda nem piam. Mortes outras em
Nampula, … mortes todas provocada pela FRELIMO e por ela imputadas a RENAMO
para confundir a opinião pública; mortos cujas famílias foram insultadas quando
levantada a bandeira a meia haste evocando-se luto nacional para chorar os
simpatizantes e membros do partido RENAMO a quem se disse que foi a RENAMO que
matou (presos pela policia da FRELIMO e introduzidos numa cadeia onde nem eram
visitados e bem guarnecidos pela mesma policia que as prendeu para no fim
dizer-se que foi a RENAMO que os matou).
Nunca cairão no
esquecimento os Heróis difamados: Uria Simango, Lazaro Nkavandame, Jaona Simeao
e outros, alguns dos quais diz-se terem sido mortos porque se opunham a projecção
de instalação de lojas do povo, _ um ensaio que produziu nada e mais vergonha.
Na lista vão muitos outros como o jornalista Carlos Cardoso, do comandante
Issufo (de quem muita memoria me fica dos momentos em que juntos interagimos) e
outros mais nos nossos tempos _ aqui ficou difícil buscar bode expiatório
porque no caso Carlos a verdade veio de cima: os autores materiais do crime confessaram
quem foi o mandante: foi de dentro do palácio.
Não houve espaço para
protesto de repúdio a essas acções porque a máquina repressiva estava montada,
equipada e bem-disposta a fazer mais vítimas.
Quando morre um
membro da RENAMO não é uma pessoa que morre, não é um moçambicano que deixa de
existir é apenas um membro da RENAMO.
A vandalização
das sedes da oposição deixa bem claro que a FRELIMO não esta disposta a
conviver pacificamente com qualquer alternância política. Em postagens anteriores
venho falando de como o partido no poder e o seu governo têm sido os causadores
da instabilidade sociopolítica e de ameaça à segurança e a paz em Moçambique. A
situação está de mal a pior: efectivos do exército estão sendo mobilizados para
o centro do país, para resolver militarmente uma simples questão: o pacote
eleitoral do qual a RENAMO propõe apenas uma simples revisão. Faz-se necessários
contingentes militares e policiais, carregamentos de material bélico e
avultados custos de manutenção de tudo isso para resolver essa questão?
Fazia-se necessário uso de força bruta e massacre de centenas de moçambicanos para
responder a questão de recontagem dos votos nas eleições de 1999? _ E
precisamente destas eleições veio grande parte da instabilidade que hoje se
vive: deixaremos acaso de chorar os nossos irmãos só porque está a verga levantada
para se nos pôr musculosamente às costas? Eu chorarei: chorarei os meus irmãos massacrados
desde tempos de luta de libertação até hoje: chorarei as mortes sabidas e as não
esclarecidas; choro Montepuez, choro Natchingueia, choro campos de reeducação, …
choro mortes dos mais queridos e corajosos filhos da nação em defesa de Estado
de Direito mortos para “defender a soberania do Estado”.