Embora diferentes
os vocábulos poder e prestígio vou considerar como se fossem o mesmo. Alias,
quem ostenta prestigio até certo ponto ostenta poder e ninguém aspira a um
poder sem prestigio.
Aspirar ao poder
faz parte das necessidades dos seres animados e faz-se acompanhar da ambição,
uma necessidade básica e neutra (no elenco das necessidades de Murray). Porem,
tudo o que é neutro e susceptivel a corrupção e a ambição não poucas vezes é
acompanhada pela neurose _ dando-se o caso de ambiciosos neuróticos (disto
tratam os peritos em assuntos da psique e a eles remito).
Quando a necessidade
de poder/prestígio faz-se acompanhada da ambição neurótica, que instiga os
sujeitos a não desistirem sem alcançar os fins almejados é então que se chega
ao derramamento de sangue.
Aqui não me
dedicarei ao/s caso/s do tipo agressão física ou envenenamentos ou outros pelos
quais se pode destruir fisicamente ao adversário. Falarei sim de práticas mais
frequentes, as que consistem em ir a um curandeiro e confiar-lhe a materialização
de tal pretensão. O curandeiro é uma pessoa que tem poderes para fazer
acontecer certos fins, mas estes poderes não lhe são próprios. Geralmente ele
tem um pacto com outros “poderes” invisíveis. Este pacto tem que ser renovado
com certa regularidade. O pacto tem sido selado com derramamento de sangue e
enquanto durar será alimentado regularmente com sangue. Muitos chefes, directores
e outros mais não ignoram o que é ir ao curandeiro seja para ascender ao cargo
como para assegura-lo. O curandeiro exige sempre algo em troca, pois ele também
e exigido com seu “master” espiritual. Quanto mais alto ou prestigioso for o
aspirado mais caro se paga: para quem quiser enriquecer tem que sacrificar alguém
muito próximo. Normalmente, esta escolha faz-se pela aparição de seus parentes
numa espécie de espelho (magico) e a pessoa aponta aquele que escolheu; depois
cabe ao curandeiro fazer acontecer o derramamento de sangue. Quando se trata de
ser grandes empresários, fica-se nalguns casos com obrigação de sacrificar até
os utentes de serviços prestados: uma grande transportadora de passageiros terá
que ir sacrificando seus passageiros uma vez por ano; uma falsa “igreja” ou
mesquita sacrificará algum fiel; um governante o fará a seus governados, todos
com certa regularidade sob ameaça de cessar o pacto e ser severamente
sancionado.
Espero que meus
leitores não olhem a todos os “bem posicionados” como usando este tipo de
procedimento, mas não são poucos os que têm isto como pratica para alcançar suas
aspirações de bem sucedidos. Alerto a seguir que isto tem custado muitas vidas
humanas: tem havido agregados familiares em que determinadas pessoas não conseguem
fazer filhos e viver por muito tempo, porque já estão empenhadas;
transportadoras que fazem anualmente holocaustos de vítimas humanas e
dirigentes com frequentes massacres em seus mandatos.
Não é tudo, mas
poderia ficar muito “aburrido” para si seguir lendo.
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