O comendante de uma
companhia desabafa em conversa amiga:
Comandante: Sabe?, a
coisa não
anda bem.
Amigo: que coisa?
C_ Esta Guerra. É
das mais dificeis.
A _ Poderia
esclarerer-me?
C _ Você
sabe que estou afecto em Cuamba desde que nos separamos. Agora vim a Nampula de
passagem ao Centro para reforçar o efectivo militar ali em operaçoes.
Ja teria avançado, mas quando cheguei, houve os acontecimentos de
Rapali/Caramaja que fizeram com que eu permanecesse aqui esperando ver como se
desenvolveria a situaçao, por aqui.
A _ você
esta ansioso em prosseguir?
C _ Antes pelo
contrario, … estou em apuros.
A _ Apuros?!!!
C _ Deixe-me
dizer-lhe uma coisa: os jovens militares que me foram afectos são
tão
abertos que me dizem de caras e a frio que, se lá formos, eles não
se envolverão
em combates. Segundo eles, irão deixar as armas e o fardamento
comigo e eles sumirão.
A _ Para onde?
C _ Regressarão.
A _ São
conversas de homens reunidos para fazer passar o tempo.
C _ Nada disso! … o
meu colega, tambem ido desde Cuamba, passou por uma situaçao
dessas. Os soldados deixaram o fardamento e o armamento e se foram sem deixar
rasto.
A – Que falta de
seriedade!
C _ Olha, eles são
muito claros ao abordar o assunto: dizem que não estãao dispostos a morrer por uns
dois mil meticais. Talvez por uns sete mil, como os da FIR, pudessem arriscar a
vida.
A _ (com um tom
alterado, meio sorridente): São brincadeiras!
C _ Que brincadeiras:
todos eles usam sua veste civil, debaixo da farda, como que dizendo que a qualquer
altura estão
dispostos a partir.
A _ E qual é a
postura deles frente ao dever patriotico?
C _ Eles, pura e
simplesmente dizem que não sabem por que estão sendo sacrificados.
A _ E você.
C _ Ordens sao
ordens. (Baixa a cabeça, fica um tempo de silêncio)
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