O novo parque de veículos
automóveis de Nampula, propriedade de um empresário “local” trás a memoria
daquelas situações em que as pessoas dizem: “um dia Deus vai julgar”.
Entre atropelos
das práticas costumeiras e pontapés a legalidade um monstro foi surgindo em
Mutava-Rex. Os habitantes da zona, como que resignados, foram apenas
choramingando aos ouvidos uns dos outro e, quem lá sabe, rogando em segredo que
um defensor de outras esferas os pudesse socorrer. É que: ali, no local onde
está instalado o “Parque Municipal” até a data em que este foi construído se
localizavam os poços de água que garantiam a segurança do precioso liquido
mesmo em tempos de extrema falta sua. Quando os poços das redondezas secassem,
ali se fazia local de encontro sobretudo de mulheres de diversas comunidades
dos confins dos bairros de Namutequeliua e Namicopo. A construção deste
empreendimento cortou de um dia para o outro a certeza de que as pessoas tinham
de que nunca ficariam sem água para beber e, naturalmente, também para o
asseio.
Somava-se com
esta outra tristeza, que, milagrosamente, os “maputenses” ajudaram a salvar-se
dela. Maputenses, em fala local “aMaputo”, que significa oriundos de Maputo,
neste caso concreto são uns técnicos de construção que estiveram construindo o edifício
que fabrica o jornal “A Verdade”, propriedade de um tal Charas. Conta-se que alguns
destes intervieram quando a expansão dos serviços do novo terminal abrangeu o cemitério
local e os cemitérios iam sendo aplanados sem pré-aviso aos familiares dos
defuntos que, de tanto maltratados pelos senhores de grandes posses, não fazem
mais do que resignar-se. “Os Maputenses ameaçaram meter queixa-crime” e o proprietário
e construtor de seu empreendimento, que hasteava duas bandeiras vermelhas de
partido na entrada do ambicioso projeto, então respeitou. O povo agradeceu batente
e isto ficou na memória, pois enquanto restos houverem daquele cemitério memorar-se-á
do seu salvador.
O que é de estranhar
é que o parque nega a funcionar. Estão sendo envidados todos os esforços entre
as autoridades municipais em coordenação com a PRM para garantir o
funcionamento do Terminal Rodoviário Norte, mas continuam água abaixo. Vai pelo
menos pouco mais de um ano em que foi inaugurado e permanece ‘em ruinas’.
Os “injustiçados”
chegam a dizer que uma mão invisível, talvez, lhes tenha feito justiça. É provável
que não passe de uma simples crença e um dia o projecto venha a gartificar os
seus donos, para quem provavelmente, as creancas tenham ficado para a idade do
pau e da pedra, contudo a mera coincidência dos factos não deixa de alimentar
uma “satisfação” momentânea: “houve uma paga para a injustiça” e, como não foi
feita por mão humana, crê-se que seja um ser superior. Dado que na civilização hodierna superior ao
homem só pode ser a natureza, então deve ser ela quem se responsabilizou de
tudo.
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