A RENAMO, maior partido da oposição em Moçambique, já
disse publicamente que, doravante, irá retaliar a todas as hostilidades que lhe
sejam perpetradas pela Polícia da República de Moçambique e pelas Forcas de Intervenção
Rápida, todas elas unidades armadas do ministério do interior, incumbidas da
tarefa do Estado de garantir a ordem e segurança públicas.
À vista comum o inimigo declarado deste partido são as
forcas da Lei e Ordem.
O que está no fundo de tudo isto?
Uma das razões é a
luta de todos: partidos políticos na oposição e cidadão comum sem dividendos no
governo, pela despartidarizacão do Aparelho do Estado e pelo fim das células do
partido no governo nas instituições públicas. Não é contudo isto que leva a agudização
do mau relacionamento entre as duas “potestades” políticas do pais a ponto de
ter as forças de lei e ordem como inimigo declarado a que se tem que ripostar
via armada.
A razão disto está numa outra realidade que acumulada a
primeira faz levedar sensivelmente os ânimos já lesados desde há muito, e ela é
a instrumentalização das Forcas de Segurança pelo partido no poder _ que se
confunde com Estado _ e seu uso delas para a hostilização, repressão e tentativa
de silenciamento total da oposição nos pais, mormente daqueles partidos que
realmente são da oposição. Como já disse em pastagem anterior a FRELIMO
tornou-se uma máquina ejectora que dejecta tudo que não tenha sua cor
partidária ou não paute pelos seus princípios. Acrescento que, isto foi desde
os tempos de luta de libertação nacional, época em que todos os que se opuseram
aos princípios socialistas impostas pela linha de Samora Machel e Marcelino dos
Santos foram separados, humilhados, … e castigados com penas capitais dando
castigo exemplar aos mais exemplares: queimando-os vivos como foi o caso de
Uria Simango, Joana Simeao, Lazaro Nkavandame, entre outros.
Estes procedimentos foram usados na luta pela democracia:
os indesejáveis eram eliminados alguns publicamente, depois de conotados de
inimigos ou traidores, outros eram mortos em ataques ditos dos bandidos
armados, como se chamavam pelo governo os guerrilheiros da RENAMO, sendo em
realidade ataques ou emboscadas realizadas pelos membros da FRELIMO. Logo a
seguir o fim da guerrilha usou-se a técnica do envenenamento nos acampamentos:
as pessoas eram postas acampadas em separado com uma linha divisória estando
por um lado acampados os que tinham sido leais a FRELIMO e do outro os “vindos
das matas”. Assim também a comida era por separado e em muitos destes
acampamentos do lado dos que não eram da FRELIMO morria-se massivamente a ponto
de as pessoas abandonarem os acampamentos e preferirem outro tipo de situação a
estar ali recebendo a morte bem visível a chegar. Este tratamento por separado
seguiu por muito tempo em instituições como saúde: Em Mocuba, província da
Zambézia durou ate depois de 1995.
Prosseguindo sobre a declaração da policia como inimigo
da Renamo:
Para além do dito, a RENAMO olhou primeiramente com
estranheza a não integração das suas forças no ministério do interior, coisa
que, como ela diz e é sabido, faz parte dos acordos gerais de Roma que
trouxeram a paz em Moçambique depois de dezasseis anos de guerra civil. O maior
partido da oposição veio cedo aperceber-se que aquela era uma força para fins
de partido e não de Estado pelas suas actuações: servindo os interesses de um
partido em todos os situações e tendo como missão em grande a repressão brutal
aos membros da oposição: prisões arbitrarias, execuções sumarias, investidas
contra manifestações, uso de porta-vozes da policia para difamar publicamente a
oposição e, nos últimos tempos, descarga brutal de força usando armamento de
fogo e carros de combate.
Os apelos da RENAMO para que se reveja a parte lesada dos
acordos de Roma são em vão e, ultimamente, a FRELIMO não só faz ouvidos de
mercador como também ridiculariza sobretudo a Afonso Dlakama, presidente da
RENAMO e se burla dos seus apelos ao dialogo para se ultrapassar essa situação
de atrito que leva mais de duas décadas. Aproveitando do seu carácter pacifico
e do seu empenho em manter a Paz tratam dele como se boneco animado se tratasse
e se esforçam não só em denegrir sua boa imagem e seu bom nome como também o
hostilizam de jeito que com nenhum ser humano se deveria tratar.
Afonso Dlakama é um homem que atraiu sobre si muita
simpatia pelo seu jeito de portar-se; representa os sentimentos de muitos
cidadãos do solo pátrio. A RENAMO é um partido com grande representação nas
massas; com uma postura no parlamento que lhe faz limpa da imundície da corrupção
que alguns cultivam ou não querem que tenha termo.
A política de exclusão usada pela FRELIMO empurra também
alguns grupos de gente para o lado da RENAMO, mesmo que estes não compartam em
tudo com os seus ideais. Os reclusos inconformados, os desmobilizados de guerra
hostilizados, os estudantes chumbados por vingança, os ex-trabalhadores
expulsos por motivações políticas, os não contemplados no financiamento dos
seus projectos com os vulgo “sete milhões”, … e muitos outros que esperam
qualquer vento que se mova contra a FRELIMO para se pendurarem.
Apercebendo-se disto, a FRELIMO opta por uma postura de
rugido de leão em seus discursos, apetrecho em armamento, e posicionamento para
“esmagar” seus oponentes, como e seu desejo. Estes estão conscientes disto e,
fracassadas todas as tentativas de dialogo, se dispõem a defender-se a todo o
custo e com os meios ao seu alcance _ inclusive o uso de armas de fogo_ e vem
dizendo que respondera a mesma proporção.
Este e o único tempo de a FRELIMO ser aberta e aceitar
corrigir o que está de errado na sua postura. Não adianta nada ameaçar ao
senhor Bissopo, secretario geral da RENAMO porque não é ele somente quem esta
farto do pancismo e procedimentos turvejantes de um partido no poder equiparado
ao de Mobutu Sese Sekou do Zaire de outrora.
A desestabilização de Moçambique e suas consequências está
sendo requeridá e preparada pelo governo, um governo que não só comete crimes
hediondos, mas também os esconde e pune os que os denunciam, que não só reprime
os que discordam com ele como também os silencia utilizando meios sofisticados
de morte para depois aparecer a imputar a culpa aos fantasmas opositores (isto
que é também uma forma optada para desacredita-los publicamente e depois
encontrar pretextos para elimina-los, uma táctica ensaiada em Natchingueia e
continuada no pós independência).
Não sou político, não voto partidos voto manifestos
eleitorais. Não busco simpatias de quem quer que seja, pois abordarei meus
pontos de vista para com quem quer que seja. Estou consciente de que se um dia alguém
causar a minha morte não será do lado da RENAMO mas sim da FRELIMO, independentemente
do traje que viesse a envergar