"NAO ESTOU DE ACORDO COM O QUE DIZES, MAS

DEFENDEREI ATÉ A MORTE TEU DIREITO DE DIZÊ-LO!"

EVELYN B. HALL (atribuida a Voltaire).



lunes, 8 de abril de 2013

O papel do governo da FRELIMO no incremento da tensão em Moçambique


A RENAMO, maior partido da oposição em Moçambique, já disse publicamente que, doravante, irá retaliar a todas as hostilidades que lhe sejam perpetradas pela Polícia da República de Moçambique e pelas Forcas de Intervenção Rápida, todas elas unidades armadas do ministério do interior, incumbidas da tarefa do Estado de garantir a ordem e segurança públicas.
À vista comum o inimigo declarado deste partido são as forcas da Lei e Ordem.
O que está no fundo de tudo isto?
 Uma das razões é a luta de todos: partidos políticos na oposição e cidadão comum sem dividendos no governo, pela despartidarizacão do Aparelho do Estado e pelo fim das células do partido no governo nas instituições públicas. Não é contudo isto que leva a agudização do mau relacionamento entre as duas “potestades” políticas do pais a ponto de ter as forças de lei e ordem como inimigo declarado a que se tem que ripostar via armada.
A razão disto está numa outra realidade que acumulada a primeira faz levedar sensivelmente os ânimos já lesados desde há muito, e ela é a instrumentalização das Forcas de Segurança pelo partido no poder _ que se confunde com Estado _ e seu uso delas para a hostilização, repressão e tentativa de silenciamento total da oposição nos pais, mormente daqueles partidos que realmente são da oposição. Como já disse em pastagem anterior a FRELIMO tornou-se uma máquina ejectora que dejecta tudo que não tenha sua cor partidária ou não paute pelos seus princípios. Acrescento que, isto foi desde os tempos de luta de libertação nacional, época em que todos os que se opuseram aos princípios socialistas impostas pela linha de Samora Machel e Marcelino dos Santos foram separados, humilhados, … e castigados com penas capitais dando castigo exemplar aos mais exemplares: queimando-os vivos como foi o caso de Uria Simango, Joana Simeao, Lazaro Nkavandame, entre outros.
Estes procedimentos foram usados na luta pela democracia: os indesejáveis eram eliminados alguns publicamente, depois de conotados de inimigos ou traidores, outros eram mortos em ataques ditos dos bandidos armados, como se chamavam pelo governo os guerrilheiros da RENAMO, sendo em realidade ataques ou emboscadas realizadas pelos membros da FRELIMO. Logo a seguir o fim da guerrilha usou-se a técnica do envenenamento nos acampamentos: as pessoas eram postas acampadas em separado com uma linha divisória estando por um lado acampados os que tinham sido leais a FRELIMO e do outro os “vindos das matas”. Assim também a comida era por separado e em muitos destes acampamentos do lado dos que não eram da FRELIMO morria-se massivamente a ponto de as pessoas abandonarem os acampamentos e preferirem outro tipo de situação a estar ali recebendo a morte bem visível a chegar. Este tratamento por separado seguiu por muito tempo em instituições como saúde: Em Mocuba, província da Zambézia durou ate depois de 1995.
Prosseguindo sobre a declaração da policia como inimigo da Renamo:
Para além do dito, a RENAMO olhou primeiramente com estranheza a não integração das suas forças no ministério do interior, coisa que, como ela diz e é sabido, faz parte dos acordos gerais de Roma que trouxeram a paz em Moçambique depois de dezasseis anos de guerra civil. O maior partido da oposição veio cedo aperceber-se que aquela era uma força para fins de partido e não de Estado pelas suas actuações: servindo os interesses de um partido em todos os situações e tendo como missão em grande a repressão brutal aos membros da oposição: prisões arbitrarias, execuções sumarias, investidas contra manifestações, uso de porta-vozes da policia para difamar publicamente a oposição e, nos últimos tempos, descarga brutal de força usando armamento de fogo e carros de combate.
Os apelos da RENAMO para que se reveja a parte lesada dos acordos de Roma são em vão e, ultimamente, a FRELIMO não só faz ouvidos de mercador como também ridiculariza sobretudo a Afonso Dlakama, presidente da RENAMO e se burla dos seus apelos ao dialogo para se ultrapassar essa situação de atrito que leva mais de duas décadas. Aproveitando do seu carácter pacifico e do seu empenho em manter a Paz tratam dele como se boneco animado se tratasse e se esforçam não só em denegrir sua boa imagem e seu bom nome como também o hostilizam de jeito que com nenhum ser humano se deveria tratar.
Afonso Dlakama é um homem que atraiu sobre si muita simpatia pelo seu jeito de portar-se; representa os sentimentos de muitos cidadãos do solo pátrio. A RENAMO é um partido com grande representação nas massas; com uma postura no parlamento que lhe faz limpa da imundície da corrupção que alguns cultivam ou não querem que tenha termo.
A política de exclusão usada pela FRELIMO empurra também alguns grupos de gente para o lado da RENAMO, mesmo que estes não compartam em tudo com os seus ideais. Os reclusos inconformados, os desmobilizados de guerra hostilizados, os estudantes chumbados por vingança, os ex-trabalhadores expulsos por motivações políticas, os não contemplados no financiamento dos seus projectos com os vulgo “sete milhões”, … e muitos outros que esperam qualquer vento que se mova contra a FRELIMO para se pendurarem.
Apercebendo-se disto, a FRELIMO opta por uma postura de rugido de leão em seus discursos, apetrecho em armamento, e posicionamento para “esmagar” seus oponentes, como e seu desejo. Estes estão conscientes disto e, fracassadas todas as tentativas de dialogo, se dispõem a defender-se a todo o custo e com os meios ao seu alcance _ inclusive o uso de armas de fogo_ e vem dizendo que respondera a mesma proporção.
Este e o único tempo de a FRELIMO ser aberta e aceitar corrigir o que está de errado na sua postura. Não adianta nada ameaçar ao senhor Bissopo, secretario geral da RENAMO porque não é ele somente quem esta farto do pancismo e procedimentos turvejantes de um partido no poder equiparado ao de Mobutu Sese Sekou do Zaire de outrora.  
A desestabilização de Moçambique e suas consequências está sendo requeridá e preparada pelo governo, um governo que não só comete crimes hediondos, mas também os esconde e pune os que os denunciam, que não só reprime os que discordam com ele como também os silencia utilizando meios sofisticados de morte para depois aparecer a imputar a culpa aos fantasmas opositores (isto que é também uma forma optada para desacredita-los publicamente e depois encontrar pretextos para elimina-los, uma táctica ensaiada em Natchingueia e continuada no pós independência).
Não sou político, não voto partidos voto manifestos eleitorais. Não busco simpatias de quem quer que seja, pois abordarei meus pontos de vista para com quem quer que seja. Estou consciente de que se um dia alguém causar a minha morte não será do lado da RENAMO mas sim da FRELIMO, independentemente do traje que viesse a envergar